Geller nega ter pedido demissão e que não aceita ser bode expiatório

Geller nega ter pedido demissão e que não aceita ser bode expiatório

Após sua saída do governo Lula, Neri Geller negou ter pedido demissão de seu cargo como Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Sua saída ocorreu após uma controvérsia envolvendo um leilão de arroz importado conduzido pela Conab. A participação de um ex-assessor de Geller e sócio de seu filho Marcelo no leilão acabou desencadeando a crise. O ex-secretário afirmou que não aceitaria ser o bode expiatório dessa situação.

Neri relatou que, assim que as suspeitas sobre o leilão de importação de arroz surgiram, ele agiu prontamente. “Eu estava no Mato Grosso e, ao retornar para Brasília, informei ao Ministro (Carlos) Fávaro que iria direto ao ministério conversar sobre o assunto. Expliquei ao ministro que minha posição sempre foi de total transparência, pois não há nada a esconder,” afirmou Geller.

Ao chegar em Brasília, Geller se reuniu com o Ministro da Agricultura. Durante a conversa, ele explicou que a corretora envolvida no leilão, pertencente a Robson, seu ex-assessor, participa desses leilões desde o ano anterior. Geller também destacou que seu filho, mencionado nas suspeitas, não participou de nenhuma operação desde a abertura de sua corretora em agosto do ano passado.

Geller esclareceu que sua demissão foi uma decisão do governo, não um pedido seu. “Conversei com o Ministro Fávaro, e ele me informou que a situação estava gerando muita polêmica. Enfatizei que estava tranquilo e disposto a ajudar a esclarecer os fatos. Após uma conversa de Fávaro com o Presidente Lula, fui informado que seria afastado,” disse.

Quanto às suspeitas de favorecimento a seu ex-assessor, Geller foi categórico: “Não houve nenhum favorecimento. Robson, que foi meu assessor até quatro anos atrás, atua no mercado desde o ano passado. Ele participou de diversos leilões, e tudo foi feito de acordo com os parâmetros legais. Não tenho grau de parentesco com ele e não posso impedir seu direito de trabalhar.”

O ex-secretário avalia que o leilão foi mal organizado. Geller lembra que a oposição politizou a realização do certame e que o governo federal não levou em conta algumas considerações técnicas.

Neri Geller revela que ficou magoado com o desenrolar da situação. “É muito triste para alguém com minha história,” disse, citando sua experiência na agricultura e na política. “Isso não vai ser jogado no lixo. Se antes não houve problema, nesse edital, mesmo sendo politizado, não vou aceitar ser o bode expiatório. Que a polícia e a justiça investiguem se há irregularidades,” declarou.

Sobre a gestão de Carlos Fávaro, Geller criticou a condução do leilão, considerando-a desorganizada e precipitada. Ele defendeu que, apesar das boas intenções de abastecer as periferias, o processo deveria ter seguido critérios técnicos mais rigorosos. “Se tivéssemos levado em conta todas as informações e feito uma intervenção no momento certo, o resultado seria diferente,” comentou.

Neri concluiu respeitando o Presidente Lula e o Vice-Presidente Geraldo Alckmin, mas reafirmando que seu afastamento foi um equívoco. “Estou tranquilo, com a certeza de que fiz minha parte e que a verdade prevalecerá,” finalizou.

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